Segundo a norma de desempenho (NBR 15.575:2013) uma edificação deve atender aos requisitos exigidos pelos usuários, de forma a promover segurança, habitabilidade e sustentabilidade. Cada um desses tópicos possui solicitações particulares e, especificamente a habitabilidade, relaciona-se aos seguintes fatores:
– Estanqueidade
– Desempenho térmico
– Desempenho acústico
– Desempenho lumínico
– Saúde, higiene e qualidade do ar
– Funcionalidade e acessibilidade
– Conforto tátil e antropodinâmico
Hoje, trataremos sobre as patologias que a ausência de estanqueidade em uma edificação pode apresentar.
Falando nisso, para ficar por dentro sobre os tipos de sistemas de impermeabilização, clique aqui!
Vamos então aos tipos de patologias!
Eflorescências
As eflorescências são aquelas famosas manchinhas brancas ou avermelhadas que vemos nas fachadas de edifícios. São causadas pela existência de sais solúveis (presentes no cimento), presença de água e pressão hidrostática nos elementos de vedação de uma edificação.
Através da lixiviação desses sais, ocorre seu transporte até a superfície das paredes e pisos, e após a secagem da água permanecem apenas os sais cristalizados formando as eflorescências. Em casos mais acentuados, pode ainda ocorrer o acúmulo desses cristais em diversas camadas, resultando na formação de estalactites.
Para a correção desse problema é necessário realizar a limpeza das eflorescências com o auxílio de escovas de aço e água, ou ainda utilizar produtos químicos disponíveis no mercado.
Para prevenir, podem ser utilizados elementos estruturais com concretos menos porosos (com relações água/cimento menores), e ainda a aplicação de proteções contra a penetração de água como hidrofugantes, bloqueadores de poros e formadores de película.
Corrosão de armaduras em peças de concreto armado
A corrosão de armaduras é um processo eletroquímico, cuja maioria das reações ocorrem em ambiente úmido (umidades relativas superiores a 60%). Essa reação provoca a oxidação da peça metálica implicando na perda da seção dos elementos de aço.
As principais causas dessa patologia são a carbonatação do concreto, gradientes de umidade na peça estrutural e penetração de agentes agressivos como cloretos e sulfatos.
Para tratar esta patologia é necessária a realização de escarificação do concreto, limpeza e lixamento das armaduras (caso a corrosão tenha atingido até 15% da seção da armadura) ou inserção de novas barras de aço, em casos mais intensos, novo cobrimento e sua cura.
A prevenção é realizada através da execução de bons revestimentos, concretos pouco porosos, e cobrimentos com espessuras adequadas e de boa qualidade.
Mofo e bolor
A ocorrência de mofo e bolor é caracterizada pelo desenvolvimento de microrganismos em locais úmidos e sem exposição à radiação solar. Sendo assim, a ocorrência de umidade, seja ela proveniente de infiltrações pelas vedações verticais, pela cobertura, por vazamentos de tubulações ou umidade ascendente do solo (os caminhos são muitos!), é a principal causa desse problema.
O tratamento dessas patologias é realizado através de limpeza com solução de fosfato trissódico, detergente, hipoclorito de sódio e água. O melhor caminho é sempre a prevenção com correta impermeabilização dos sistemas, no entanto, o uso de argamassas fungicidas podem auxiliar para que não ocorra mofo e bolor nas edificações.
Destacamento de pinturas
Ahh, essas pinturas…
Quem nunca viu uma pintura destacando após o contato com umidade?
A principal causa dessa patologia é a presença de pressão hidrostática no elemento em questão, que expulsa a película de pintura. Geralmente, essa pressão deriva de infiltrações, capilaridade ou vazamento de tubulações.
Para solucionar este problema é necessário remover a parte afetada, corrigir a origem de pressão hidrostática e realizar novo processo de pintura.
Descolamento de revestimento cerâmico
A umidade é uma das causas ligadas ao descolamento de placas cerâmicas. Essa pode atuar no deterioramento do revestimento de duas maneiras: expansão por umidade e pressão hidrostática elevada. Na primeira pode ocorrer, além do descolamento, o gretamento devido ao aumento das tensões internas por expansão da placa.
O tratamento se faz através da remoção da área deteriorada e reassentamento das placas cerâmicas. Como prevenção, deve-se utilizar materiais com a especificação adequada ao ambiente (verificar a Expansão por umidade – EPU – e a Resistência à abrasão – PEI – da placa), executar corretamente juntas de assentamento e de dilatação e, claro, uma impermeabilização adequada.
Deterioração de elementos de gesso
O gesso, composto sulfato de cálcio (CaSO4 + 1/2H2O), após seu endurecimento, é facilmente dissolvido ao entrar em contato com a água. Portanto, ao ocorrer infiltrações ou vazamentos em tubulações que proporcionem esse contato, implicam na deterioração dos elementos de gesso.
O tratamento para essa patologia é a remoção da região afetada e execução de nova aplicação de gesso.
Para prevenir dores de cabeças com seus elementos em gesso é necessário realizar uma boa impermeabilização de sua edificação e dimensionar corretamente as tubulações hidrossanitárias para dificultar a ocorrência de vazamentos.
Deterioração de elementos de madeira
Sendo a madeira um material naturalmente poroso, é essencial impedir que a água penetre na peça para evitar efeitos danosos. Entre esses efeitos, a absorção da água pela madeira pode provocar empenamento e expansão da estrutura.
A principal fonte dessa água, além da chuva, é vazamento em tubulações defeituosas. Embora discreta, essa água pode trazer danos irreversíveis, exigindo a substituição da peça. Preventivamente, o ideal é que a peça seja protegida por hidrofugantes ou películas (como tintas e vernizes), além de realizar manutenções periódicas nas instalações hidrossanitárias.
Reação Álcali-Agregado (RAA)
O processo químico desta reação envolve uma interação expansiva entre agregados reativos – sílica reativa, por exemplo -, os “álcalis” do cimento – óxidos de sódio e potássio – e água. Esta reação é extremamente perigosa por ocorrer no interior do concreto, muitas vezes sem apresentar sintomas até que seja tarde demais!
O processo se dá através da formação de um gel expansivo em torno do agregado, que tensiona internamente o concreto – quanto mais umidade, mais expansão e mais tensão.
Como consequência disso, é comum surgirem fissuras sem direção definida, conhecidas como “couro de jacaré”. Para agravar a situação, as fissuras permitem a entrada de mais água, intensificando a reação.
Esse problema pode ser evitado durante a fase de projeto – reduzindo o teor de cimento, analisando previamente a reatividade dos agregados utilizados e substituindo-os quando necessário – evitando gastos elevados para restaurar uma peça já danificada.
Todas essas patologias por umidade podem ser facilmente evitadas quando leva-se em consideração a estanqueidade de um imóvel. Assim, investir em um bom sistema de impermeabilização – que tem 3% de impacto no custo final da obra – ajudará a economizar muito mais e reduzir transtornos durante as outras etapas do seu empreendimento!
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